No ano de 1883, a cidade de Santos se posicionava no cenário brasileiro como precursora da revolução tecnológica ao se tornar a primeira localidade da Província de São Paulo, fora da capital, a implementar o sistema telefônico. Esta inovação foi possível graças à influência e ao prestígio da Associação Comercial de Santos, que recebeu o primeiro aparelho telefônico, ostentando orgulhosamente o número 1. A Companhia “Telephônica”, responsável pela façanha, operava sob a liderança do engenheiro Walter Hemsley e tinha seu equipamento número 0 em uso próprio, simbolizando o marco zero da telefonia na região.
A instalação do sistema telefônico em Santos, apenas sete anos após a invenção do telefone por Antonio Meucci e a patente de Alexander Graham Bell, representou um avanço significativo. Com 75 assinantes iniciais, a estação telefônica montada por Hemsley foi considerada a primeira do Estado de São Paulo, inaugurando uma nova era de comunicações. Este acontecimento destacou Santos como um importante centro de inovação tecnológica.
Naqueles primeiros dias, o processo para realizar uma chamada era um tanto quanto indireto e envolvia um procedimento manual operado por telefonistas. Os proprietários dos raros aparelhos tinham que acionar uma manivela para conectar-se à estação central, onde uma operadora solicitava o número desejado. A limitação inicial de apenas quatro dígitos e a dependência das telefonistas para estabelecer as conexões refletem o quão incipiente, mas fascinante, era aquela nova tecnologia.
Salão Nobre da ACS em 1902
Avançando para a conexão entre cidades, até 1913, as ligações interurbanas eram um sonho distante para os santistas, devido à incompatibilidade entre as redes telegráficas existentes e as necessidades da telefonia. A situação mudaria com a inauguração de um cabo especial entre Santos e São Paulo, marcando a estreia do primeiro cabo subterrâneo do Brasil. Esse avanço conectou Santos à capital e a outras cidades do interior, embora fazer uma ligação interurbana ainda continuasse a ser um desafio, às vezes exigindo mais de um dia de espera.
O cenário começou a mudar gradualmente e até 1965 o Brasil contava com um modesto parque de 1.326.000 telefones e iniciativas pioneiras de comunicação via micro-ondas e circuitos de rádio, ampliando as possibilidades de conexões internas e internacionais. Mesmo assim, as comunicações internacionais ainda eram limitadas, com poucos circuitos de voz disponíveis.
Assim, a jornada do telefone em Santos, desde a instalação do primeiro aparelho na Associação Comercial em 1883 até os avanços subsequentes, revela uma trajetória de desafios, inovações e conquistas, que só orgulha a Associação Comercial de Santos como catalisadora desse progresso tecnológico.
Grupo de telefonistas em 1929
