O IV Seminário Internacional do Café, inicialmente agendado para ocorrer entre 27 e 30 de maio de 1975, foi marcado por desafios e expectativas crescentes em torno da crise que afetava o setor cafeeiro. A Associação Comercial de Santos (ACS), organizadora do evento, anunciava com otimismo que a edição daquele ano contaria com a participação ativa de representantes das principais praças exportadoras de café do Brasil, incluindo Paranaguá, Rio de Janeiro e Vitória. A novidade apontava para uma maior integração e cooperação entre os diferentes setores envolvidos na comercialização do café, tendo como tema central “Comercialização do Café e seus vários aspectos”.
Entretanto, uma série de complicações surgiu logo no início do ano, levando a discussões sobre um possível adiamento do seminário para agosto. As vendas abaixo do normal e os baixos preços do café no mercado internacional, além da falta de apoio financeiro inicial do Instituto Brasileiro do Café (IBC), contribuíram para essa incerteza. A situação demandou uma intervenção direta da ACS, que enviou representantes a Brasília para negociar apoio com o presidente do IBC, Camilo Calazans de Macedo. O compromisso assumido pelo IBC de apoiar financeiramente o evento foi importante para sua realização.
A crise do café também atraiu a atenção do então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, que se deslocou até Santos para debater as questões do setor, demonstrando a importância do seminário como fórum para discussão de políticas e estratégias para o café brasileiro. Em meio a esses problemas, a comissão originalmente responsável pela organização do seminário foi dissolvida, e os trabalhos de organização e execução ficaram a cargo do Departamento de Exportadores de Café da ACS.
Contra todas as adversidades, a confirmação da realização do seminário em agosto simbolizou uma vitória para o setor cafeeiro, que enfrentava não apenas a crise de preços, mas também as consequências de grandes geadas que atingiram severamente as lavouras no norte do Paraná e no extremo oeste de São Paulo. Os eventos climáticos adversos trouxeram uma urgência ainda maior para as discussões do evento, que se propunha a ser um fórum para a definição de políticas de preços para o café brasileiro e para o estabelecimento de acordos entre os países produtores.
A inclusão de concursos sobre monografias e qualidade dos grãos na programação do seminário indicou também um esforço para engajar e incentivar a excelência entre os produtores.
Com 375 participantes inscritos, incluindo 84 estrangeiros e 350 brasileiros, o IV Seminário Internacional do Café superou as expectativas em termos de participação. A urgência trazida pelas recentes geadas e a necessidade de discutir as perspectivas futuras da lavoura brasileira de café adicionaram novos temas à agenda, como uma palestra e rodada de debates com o diretor de produção do IBC sobre o impacto desses eventos climáticos.