A oitava edição do Seminário do Comércio de Café, realizada em 1980, inicialmente era para ter ocorrido em Santos, diferentemente das edições anteriores que haviam acontecido no Guarujá, desde 1972. A mudança estava sendo motivada por conta da inauguração do novo hotel Holiday Inn, no Gonzaga, que oferecia 180 apartamentos. Entretanto, a Associação Comercial de Santos (ACS), presidida na época por Renato Levy, atendendo aos pedidos dos participantes, optou por manter o evento no Guarujá.
O seminário foi aberto com uma cerimônia que contou com a presença do Ministro da Indústria e Comércio, Camilo Pena, que destacou a disposição do Brasil em contribuir para a regulamentação do comércio de café mundial, enfatizando as novas condições dos contratos de fornecimento a importadores. A solenidade, reuniu cerca de 600 participantes, de 32 delegações estrangeiras, incluindo autoridades como os prefeitos de Santos e Guarujá, o comandante da AD 2, o presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), o embaixador da Colômbia, entre outros.
Durante o evento, foi anunciado por Alexandre Beltrão, secretário executivo da Organização Internacional do Café (OIC), um corte de 1,4 milhão de sacas na cota global de exportação do trimestre, medida que, segundo Octávio Rainho, presidente do IBC, não afetaria a cota brasileira devido à declaração de insuficiência de café previamente apresentada ao órgão.
Na solenidade de abertura, entre outras autoridades, compunham a mesa: o ministro da Indústria e Comércio, o presidente do Instituto Brasileiro do Café, o presidente da Federação Nacional dos Cafeteiros de Colombia e o embaixador desse país, o diretor executivo da Organização Internacional do Café, e o presidente da Associação Comercial de Santos
O programa do seminário abordou temas importantes para o setor, como meteorologia aplicada às regiões cafeeiras, a produção brasileira de café, além das perspectivas para a América Central e a produção mundial, com palestras de renomados especialistas e gestores do setor.
Além das discussões técnicas e comerciais, o evento serviu de palco para o anúncio de medidas importantes para o futuro do comércio de café brasileiro. Entre elas, a defesa de retaliações comerciais contra a Espanha por parte de Octávio Rainho, em resposta à imposição de uma alíquota de 7% sobre o café brasileiro pelo país europeu, o que prejudicaria significativamente as exportações brasileiras para aquele mercado.
O IBC aproveitou a ocasião para divulgar as bases de comercialização do café para 1981, mantendo os níveis de preços mínimos vigentes e anunciando a abertura dos registros de venda para o primeiro trimestre. A postura do Brasil foi reforçada pela confirmação da Colômbia de que seguiria as principais cláusulas brasileiras nos contratos de fornecimento de café aos importadores.
A Associação Comercial de Santos, promotora do evento, não conseguiu alterar a posição do IBC quanto à manutenção de diferenciais de preços para o mesmo tipo de café nos portos nacionais, decisão que permaneceria pelo menos até o final da safra de junho de 1981, conforme discussões realizadas durante o seminário.