O X Seminário de Café ocorreu entre os dias 25 e 27 de outubro de 1982, contando com a presença do ministro da Indústria e do Comércio, Camilo Pena e teve como tema central “Concepções Modernas da Produção, da Exportação de Café Brasileiro e dos Mercados Consumidores Mundiais”. O assunto principal refletia a ênfase na inovação e a necessidade de adaptação do setor às novas realidades do mercado global. O evento, mais uma vez realizado no Guarujá, atraiu 600 participantes, demonstrando o interesse substancial pelo setor cafeeiro brasileiro e pelas futuras direções que seriam tomadas em termos de políticas de produção e comercialização.
Na abertura do evento, Antônio Manoel de Carvalho, presidente da Associação Comercial de Santos, destacou o significativo aumento da participação do Brasil no mercado mundial de café, resultado das negociações do país na Organização Internacional do Café (OIC). Apesar das adversidades e incertezas globais, o Brasil havia elevado sua fatia de mercado de 23,7% em 1980 para 30,9% no ciclo 1982/83. Carvalho elogiou o Instituto Brasileiro do Café por seu papel nesse sucesso e homenageou Otávio Rainho, presidente da entidade, com aplausos. Também citou o ministro Camilo Pena, ressaltando a consolidação do Brasil como líder no setor e sua conquista de importantes segmentos do mercado nos últimos dois anos.
No mesmo dia, em discurso para uma audiência internacional, o ministro da Indústria e Comércio, Camilo Pena, reforçou a posição brasileira, que fora poucos meses antes apresentada na Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Presidente joão Baptista Figueiredo, sobre o café ser um exemplo de cooperação internacional baseada no comércio. Pena considerava realista a projeção da Secretaria de Planejamento do Governo Federal, que previa um faturamento de 2,5 bilhões de dólares com as exportações de café para 1983. Ele destacava ainda a inclusão do café nas deliberações do Conselho Monetário Nacional.
No dia 26, Alexandre Beltrão, diretor-executivo da OIC (Organização Internacional do Café), anunciava os planos da entidade para intensificar o controle sobre as importações de países não-membros do acordo cafeeiro a partir de janeiro de 1983. A medida visava abordar um dos principais desafios da época. Os países não-membros representavam cerca de 15% do mercado com exportações anuais de 63 milhões de sacas, pagando preços 60% inferiores aos das nações consumidoras membros da OIC.
Além disso, o seminário contou com a participação de Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que discutiu aspectos das economias mundial e nacional. Ele enfatizou que quaisquer mudanças na Lei Salarial deveriam partir da iniciativa privada através do Legislativo, especialmente após o recesso do Congresso pós-eleições de novembro.
Em 27 de outubro, o evento teve a participação de Roberto Abreu Sodré, ex-governador de São Paulo e presidente do Conselho Nacional de Café na época, que abordou a relevância do café para os países em desenvolvimento, tanto em termos econômicos quanto sociais.
A importância do seminário já havia sido evidenciada antes de sua realização, em 21 de setembro de 1982, quando Antônio Manoel de Carvalho, presidente da Associação Comercial de Santos, esteve em audiência com o Presidente da República, João Batista de Figueiredo, para convidá-lo a prestigiar a abertura do evento.
O seminário contou com um vasto leque de palestras sobre temas como a produção do café brasileiro, o desenvolvimento do consumo no Japão e Oriente, e concepções modernas nos mercados consumidores mundiais. Além disso, foram discutidas as modernas concepções na indústria brasileira de café solúvel e na torrefação e moagem de café, sublinhando o foco na modernização e na expansão dos horizontes para o café brasileiro no mercado global.