O comendador Nicolau José de Campos Vergueiro foi um dos maiores entusiastas na criação da Associação Comercial de Santos, marcando sua trajetória como um visionário do desenvolvimento comercial e social da cidade. Nascido em Santos, em 1824, era filho de Maria Angélica de Vasconcelos e do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, figura histórica do Império Brasileiro, conhecido por introduzir o uso de imigrantes nas lavouras paulistas, além de ter sido ministro e regente do Império, representando os interesses do setor agroexportador.
Caçula de uma família de doze filhos, Nicolau José demonstrou cedo sua aptidão para os negócios. Aos 20 anos, assumiu a administração dos empreendimentos da família em Santos, consolidando sua reputação como um empresário habilidoso. Em 1864, destacou-se ao custear, com recursos próprios, a recuperação da antiga Estrada da Maioridade, inaugurada em 1846. Pelo seu esforço e generosidade, a via passou a ser conhecida como “Estrada do Vergueiro,” conectando o antigo Largo da Forca (atual Largo da Liberdade, em São Paulo) ao Cubatão.
Com o falecimento de seu pai em 1859, Nicolau herdou diversas propriedades rurais, as quais soube gerir com excelência, multiplicando a fortuna familiar. Ele também investiu no Banco Mercantil de Santos, onde se tornou um dos principais acionistas, reforçando sua posição de liderança no cenário econômico local. Na política, participou ativamente da Câmara Municipal, tendo presidido a instituição em 1862.
Sua dedicação à comunidade também era notável. Nicolau José foi um filantropo exemplar, contribuindo generosamente para instituições como a Santa Casa de Misericórdia, a Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio, a Sociedade Musical União dos Artistas e a Sociedade Portuguesa de Beneficência. Para esta última, sua ajuda foi além de doações financeiras: ele patrocinou a construção de enfermarias e trouxe materiais cirúrgicos da França, adquiridos durante uma de suas viagens à Europa.
Nicolau José de Campos Vergueiro destacou-se como um dos mais importantes fundadores da Associação Comercial de Santos (ACS). Demonstrando seu compromisso e entusiasmo pela instituição, cedeu sua própria residência para abrigar a ACS em seus primeiros dias. Graças à sua força política e dedicação, foi eleito por unanimidade como o primeiro presidente da Associação, sendo reconduzido ao cargo em mais duas gestões consecutivas, encerrando sua participação em 1878.
Seu trabalho à frente da ACS consolidou sua posição como líder e benfeitor da cidade de Santos. Em reconhecimento a seus serviços, Nicolau foi agraciado pelo imperador Dom Pedro II com os títulos de Barão, em julho de 1879, e Visconde de Vergueiro, em dezembro de 1880. No ano seguinte, em 21 de fevereiro de 1881, recebeu a comenda da Imperial Ordem da Rosa, honraria concedida a poucos, destacando sua relevância no cenário nacional.
A população santista, em sinal de gratidão, ofereceu-lhe uma medalha de ouro com a inscrição: “Ao Visconde de Vergueiro: Gratidão do povo de Santos.” Este gesto simbólico refletia o profundo apreço por um homem que, sem dúvida, foi um dos maiores benfeitores que Santos já teve.
Nicolau José de Campos Vergueiro faleceu no dia 2 de outubro de 1903, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado. Seu legado permanece como um exemplo de dedicação e altruísmo, marcando a história de Santos e do Brasil.