O último sócio fundador da Associação Comercial de Santos

Alfaya Rodrigues (sentado à esquerda) e seus filhos, em cerca de 1905.

 

Em 15 de agosto de 1941, falecia em Santos o Comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior, último remanescente do grupo dos 106 sócios fundadores da Associação Comercial de Santos (ACS), instituição que marcou profundamente o desenvolvimento econômico e social da cidade. Nascido em 13 de abril de 1850, em Santos, Alfaya Rodrigues construiu uma trajetória exemplar, unindo sua formação em Direito às atividades comerciais e a um profundo engajamento cívico e social.

Desde jovem, mostrou inclinação para a liderança e o serviço público. Aos 23 anos, ocupou o cargo de Capitão-Secretário do Comando Superior de Santos, iniciando uma vida pública que o levaria a exercer funções como Delegado de Polícia, Juiz Municipal e Juiz de Direito, além de ser Inspetor de Instrução Pública. Na política municipal, destacou-se como vereador, tendo sido eleito Presidente e Vice-Presidente da Câmara. Entre suas iniciativas filantrópicas, figuram a fundação do Asilo de Órfãos, o trabalho voluntário na Santa Casa da Misericórdia e a participação em várias instituições beneficentes e culturais.

Alfaya Rodrigues também desempenhou importante papel diplomático como cônsul da Argentina e da Guatemala, e foi reconhecido internacionalmente com condecorações do Papa Pio X e dos governos do Chile e outros países. Carregava o título de comendador por quatro diferentes ordens e de cavaleiro por três.

Como membro fundador da Associação Comercial de Santos, Alfaya Rodrigues desempenhou um papel importante em seus primeiros anos, colaborando com atividades como a elaboração de estatísticas e organização da jovem instituição. Em uma carta enviada à diretoria da ACS no ano de 1939, em comemoração ao 69º aniversário da associação, ele recordou com emoção o dia de sua fundação, quando, aos 21 anos, assinou o Livro de Honra ao lado de seu pai, já como integrante da firma comercial familiar. Na carta, destacou os desafios e progressos que marcaram a trajetória da ACS, que ele considerava um marco da civilização santista.

Por ocasião do cinquentenário da ACS, em 1920, Alfaya Rodrigues foi um dos sete sócios fundadores remanescentes homenageados. Durante a cerimônia, recebeu uma medalha de ouro comemorativa e proferiu palavras de agradecimento em nome dos demais homenageados, marcando sua relevância histórica para a instituição.

Seus últimos anos foram marcados por uma vida mais reclusa, mas repleta de memórias de suas contribuições à cidade e à associação que ajudou a fundar. Mesmo assim, Alfaya Rodrigues seguiu como referência de integridade e dedicação, recebendo visitas e homenagens até seus últimos dias.

Ao falecer, aos 91 anos, em 1941, a cidade e a Associação Comercial de Santos prestaram tributos à sua memória. A diretoria da ACS, então presidida por João Melão, esteve presente no funeral, onde foi depositada uma coroa de flores, e a bandeira da instituição foi hasteada a meio mastro em sinal de luto. Na sessão seguinte da ACS, um voto de profundo pesar foi registrado em ata, por proposta de Haroldo Mc Cardell.

O Comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior encerrou um ciclo de pioneirismo, deixando como legado sua contribuição para a consolidação de Santos como um centro comercial de relevância nacional, além de sua dedicação às causas sociais e institucionais que marcaram sua vida.

 

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