O elo entre a Associação Comercial de Santos e o Guaraná Antarctica

Se alguém perguntasse qual a relação entre a Associação Comercial de Santos e o Guaraná Antarctica, poucos saberiam responder. Mas a vida reserva surpresas, e a conexão entre essas duas trajetórias é mais direta do que se imagina. O que começa no comércio de café em Santos termina em um dos maiores impérios cervejeiros que já existiram no Brasil – e, claro, no refrigerante que se tornaria um ícone nacional.

Esta história começa em 1870, quando o dinamarquês Adam Von Bülow e o alemão Johann Karl Anton Friedrich Zerrenner participaram da fundação da Associação Comercial de Santos, entidade criada para organizar e fortalecer o comércio local em um período em que o café se consolidava como o principal motor da economia brasileira. Os dois empresários integravam o grupo que estruturou a ACS, e se destacaram no comércio de exportação, modernizando a movimentação do “ouro verde” no Porto de Santos e ampliando os negócios para além das fronteiras nacionais.

Zerrenner e Bulow transformaram a Companhia Antarctica Paulista na maior empresa do setor cervejeiro do país.

Mas o destino da dupla não ficaria restrito ao café. Em 1873, eles adquiriram o navio Giovanni Luigi visando intensificar as exportações e, três anos depois, fundaram a empresa Zerrenner, Bülow & Cia, que em pouco tempo se tornou uma das maiores corretoras e exportadoras de café do Brasil. O sucesso da empresa permitiu que diversificassem seus investimentos, trazendo maquinários e produtos industriais da Europa, o que abriu caminho para uma nova empreitada: a indústria cervejeira.

Foi assim que, em 1891, com o aval do então presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, nascia a Companhia Antarctica Paulista. No início, Bülow e Zerrenner eram apenas acionistas, mas, em 1893, quando a empresa enfrentou dificuldades financeiras, os dois assumiram o controle total da cervejaria. O investimento foi certeiro: sob a gestão da dupla, a Antarctica expandiu-se rapidamente, adquirindo concorrentes como a Bavária e tornando-se uma das maiores produtoras de cerveja do país.

Na placa produzida em homenagem aos fundadores, situada no salão de reuniões, os nomes de Bulow e Zerrenner são os primeiros da lista.

Enquanto Santos seguia como o epicentro do café, a Antarctica conquistava um novo mercado: o de bebidas não alcoólicas. E foi dentro desse cenário de inovação que, em 1921 surgia o Guaraná Antarctica, uma marca que atravessaria gerações e se tornaria um símbolo da cultura brasileira.

Oito anos depois, em 1929, a crise do café acabou levando a Zerrenner, Bülow & Cia a priorizar o setor de bebidas, consolidando a Antarctica como sua principal atividade. Após as mortes de Bülow e Zerrenner, em 1933, e da viúva de Bülow, em 1936, a cervejaria passou para o controle da família von Bülow, que seguiu administrando a Antarctica por meio de uma trading.

Assim, a dupla de amigos que começou suas trajetórias com o movimento para estruturar o comércio santista acabou por influenciar diretamente o mercado de bebidas do Brasil. Desta forma, na próxima vez que você abrir uma lata de Guaraná Antarctica, lembre-se: um dos refrigerantes mais populares do país tem raízes fincadas na história da Associação Comercial de Santos.

 

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