Antonio Olyntho esteve na ACS em 1895, como ministro da Viação e Indústria
Uma curiosidade do Livro de Ouro da Associação Comercial de Santos — um dos documentos mais valiosos da memória santista — é a sequência de registros inaugurada pelo próprio imperador Dom Pedro II, que assinou o volume em 1875, 1878 e 1886. Depois dessa terceira visita imperial, o próximo assento viria nove anos mais tarde: em 3 de setembro de 1895, o então ministro da Indústria, Antônio Olinto (à época grafado “Olyntho”), tornou-se o primeiro não-imperial a deixar sua marca no livro. Além da assinatura, registrou a seguinte dedicatória:
“Me é gratíssimo, ao passar pela sala da Associação Comercial de Santos, deixar consignado o júbilo que experimentei ao ver a atividade do comércio desta importante cidade, que vai marchando a passos agigantados para os destinos que lhe foram designados desde os primeiros dias da evolução da nacionalidade brasileira.”
Quem foi Antonio Olyntho?
Antônio Olinto dos Santos Pires (Serro, 15 de dezembro de 1860 — Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 1925) foi um dos nomes de destaque da política brasileira no período de consolidação da República. Engenheiro de minas formado em Ouro Preto, ainda estudante envolveu-se nas lutas abolicionistas e republicanas, que agitavam o país nas últimas décadas do século XIX.
Olinto foi um dos fundadores do Partido Republicano Mineiro, ao lado de João Pinheiro, e esteve diretamente ligado à elaboração da primeira Constituição Republicana, promulgada em 1891, tendo sua assinatura registrada entre os constituintes. Esse marco fez dele um dos artífices do novo regime político que se implantava no Brasil após a queda da monarquia.
Eleito deputado federal em dois períodos (1890–1893 e 1894–1896), também se tornou o primeiro presidente de Minas Gerais após a Proclamação da República. Ocupou cargos de destaque, como ministro da Viação (1894–1896), superintendente de Obras Contra a Seca (1907), diretor-geral dos Telégrafos (1909) e delegado-geral da Exposição Internacional do Centenário da Independência, em 1922.
Paralelamente à vida pública, foi professor e escritor, colaborando no Dicionário Histórico e Geográfico do Brasil e publicando trabalhos sobre temas como irrigação, seca e grutas brasileiras. Deixou ainda estudos sobre as riquezas minerais do país, reunidos no Livro do 4º Centenário do Brasil.
