Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu um avanço significativo no uso de aviões, tanto como meio de transporte rápido quanto como ferramenta estratégica em conflitos. Observando essa tendência e a necessidade de fortalecer a aviação no Brasil, o presidente Getúlio Vargas criou, em janeiro de 1941, o Ministério da Aeronáutica, nomeando Joaquim Pedro Salgado Filho como o primeiro ministro da pasta. Foi nesse contexto que surgiu a Campanha Nacional de Aviação (CNA), que tinha como objetivo angariar recursos para o desenvolvimento da aviação no país
A CNA buscava envolver a população, empresas e instituições na doação de aviões, de dinheiro em espécie ou por meio de iniciativas como a “Campanha do Alumínio”, que arrecadava materiais essenciais para a construção de aeronaves. A campanha não se limitou apenas à aquisição de aviões, mas também fomentou a formação de pilotos, a criação de aeroclubes e o investimento em aeroportos. Santos, por exemplo, já possuía seu próprio aeroclube.
Na cidade de Santos, a Associação Comercial (ACS) se destacou ao assumir a responsabilidade de dirigir e promover a campanha local. Para coordenar os esforços de arrecadação. A ACS instituiu uma comissão formada por comerciantes renomados, como João Mellão, presidente da Associação, e Adall Vianna, Paulo Camargo, João Moreira Salles e Rodrigo Pires do Rio Filho, todos diretores da entidade. O presidente João Mellão também convidou representantes de diversas categorias para integrar o comitê, incluindo o comandante da Base de Aviação Naval em Santos, major Antônio Azevedo, ampliando assim o alcance da campanha.
Republic P-47 Thunderbolt empregado pela FAB / Crédito: Wikimedia Commons
O sucesso da campanha em Santos foi expressivo. Em apenas seis meses, o comércio santista arrecadou 200 contos de réis, atendendo ao apelo da Associação Comercial. A população também se mobilizou, com instituições, sindicatos e grupos universitários organizando-se para colaborar com as doações. Além do apoio financeiro, a ACS e o comércio local oferecem bolsas de estudos para a formação de novos pilotos, consolidando o compromisso com o fortalecimento da Campanha.
Santos, cidade conhecida como a terra do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o “Padre Voador”, que sonhou com a conquista dos céus, não poderia deixar de participar ativamente dessa campanha de desenvolvimento da aviação nacional. A mobilização da cidade, liderada pela Associação Comercial, não apenas reafirmou o pioneirismo de Santos na aviação, mas também contribuiu significativamente para o desenvolvimento estratégico do Brasil em um período crucial. A união entre a população, o comércio e as instituições locais tornou-se um exemplo de engajamento cívico e patriotismo, demonstrando que, juntos, era possível conseguir vôos cada vez mais altos.