Em 25 de julho de 1980, Santos recebeu uma visita de grande relevância para o comércio exterior brasileiro. A cidade foi um dos principais pontos da agenda da delegação japonesa da “Missão para Promover o Comércio Brasil-Japão”, que percorria o país com o objetivo de estreitar as relações comerciais entre as duas nações. O encontro principal ocorreu na Associação Comercial de Santos (ACS), onde a delegação, liderada por Akira Ito, participou de um coquetel-almoço e de discussões estratégicas sobre importação e exportação de produtos brasileiros para o mercado japonês.
Na ocasião, Akira Ito revelou que o governo japonês avaliava a possibilidade de importar frutas frescas brasileiras, especialmente laranja, algo até então inédito. No entanto, ressaltou que a implementação dessa iniciativa dependeria de rígidos controles sanitários. Outra questão levantada foi a dificuldade de exportação de carne fresca para o Japão, uma vez que as normas do país permitiam apenas a entrada de carne cozida a 100 graus, como o presunto, enquanto outros produtos, como o salame, permaneciam vetados.
A visita também reforçou o interesse japonês em ampliar as importações de produtos agrícolas tradicionais brasileiros, como café, cacau e farelo de soja. Em seu discurso na ACS, o presidente em exercício da entidade, Carlos Alberto da Silva Horcel, destacou o papel dos imigrantes japoneses na evolução da lavoura cafeeira em São Paulo e no Brasil. Por sua vez, Yoshiaki Kishida, representante da Mitsubishi-Shoji do Brasil, abordou a crescente presença do café brasileiro no mercado japonês, impulsionada pela expansão dos coffeeshops e pelo trabalho das torrefações em promover o consumo no país asiático.
Após os compromissos na Associação Comercial, a delegação seguiu para uma visita às instalações da Companhia Produtores de Armazéns Gerais, encerrando a programação organizada pela ACS em conjunto com o Ministério da Agricultura. Durante sua passagem pelo Brasil, Akira Ito revelou ter ficado impressionado com a imensidão territorial do país, destacando a fazenda experimental de Brasília como um dos locais que mais o surpreenderam. Segundo ele, antes de sua chegada, já sabia do potencial brasileiro, mas a viagem serviu para reafirmar essa percepção:
“No Japão, soube que o Brasil era uma potência, mas aqui reconfirmei essa potencialidade.”
Passados 45 anos, essa visita representa um marco na relação comercial entre Brasil e Japão, consolidando um intercâmbio que, ao longo das décadas, se fortaleceu e diversificou. A missão liderada por Akira Ito ajudou a pavimentar o caminho para um comércio bilateral mais dinâmico, cujos efeitos ainda podem ser sentidos na atualidade.
