Associação Comercial de Santos era retratada na revista São Paulo Moderno, de 1919

Retratada com destaque na revista São Paulo Moderno de 1919, a Associação Comercial de Santos foi celebrada como força motriz do progresso econômico e social da cidade no início do século XX.

Em 1919, a cidade de Santos ocupava um lugar de destaque no cenário econômico nacional, em grande parte impulsionada pelo pujante comércio de exportação de café. Foi nesse contexto que a revista São Paulo Moderno, publicada pela Empreza Editora, dedicou diversas páginas à cidade portuária, com atenção especial aos seus empresários e instituições representativas. Entre elas, a Associação Comercial de Santos (ACS) teve um espaço exclusivo, reconhecendo sua influência e trajetória no desenvolvimento da economia paulista.

Fundada oficialmente em 1871, com estatutos aprovados pelo Governo Imperial em 7 de junho daquele ano, a ACS já era, meio século depois, uma instituição consolidada e respeitada. A publicação de 1919 destacava a relevância histórica e o papel ativo da entidade na vida pública da cidade: “Ela se interessa vivamente por todas as questões de ordem pública, como: salubridade do Município, progresso da cidade, etc.”. A citação resume bem a natureza da atuação da Associação, que ia além da defesa dos interesses comerciais, estendendo-se à promoção do bem-estar coletivo e à organização da vida urbana.

A revista, que contou com a colaboração de nomes ilustres da literatura santista, como Vicente de Carvalho, Martins Fontes e Agenor Silveira, evidenciava o prestígio da ACS ao descrevê-la como “o porta-voz autorizado do comércio”. Em uma época em que os fluxos comerciais estavam intimamente ligados à infraestrutura e à política pública, a capacidade de articulação institucional era fundamental. A atuação da ACS, segundo o texto, pautava-se por uma orientação “de acordo com a justiça e o direito”, o que reforçava sua credibilidade perante os poderes constituídos e a sociedade civil.

A sede da instituição, localizada na confluência das ruas 15 de Novembro e 11 de Junho, no centro comercial de Santos, também foi mencionada com destaque. A publicação ressaltava a estrutura do prédio de dois andares, que abrigava, no térreo, o salão de leitura com jornais e boletins em diversas línguas, além de informações estratégicas como “notícias referentes ao movimento de navios, cotações nos mercados nacionais e estrangeiros, movimento de café e informações de interesse geral”. No andar superior, funcionavam a Secretaria, o arquivo histórico, o salão nobre e a sala de reuniões do conselho.

Outro ponto importante do registro feito pela São Paulo Moderno foi a menção à organização de dados estatísticos pela entidade, o que atesta o papel da ACS como centro de inteligência econômica regional. “Os dados estatísticos que organizou e que continua a organizar sobre todos os ramos da atividade humana demonstram nitidamente de quanto proveito ela tem sido para o nosso público”, dizia a revista, evidenciando o pioneirismo da instituição na coleta e sistematização de informações relevantes para o comércio.

Na época da publicação, a ACS era presidida por A. S. de Azevedo Jr., deputado estadual e sócio-chefe da firma Queiroz, Ferreira, Azevedo & Cia., e tinha como secretário o jornalista e escritor Alberto Veiga. A escolha dessas lideranças reforçava o elo entre a representatividade política e a intelectualidade local, demonstrando como a Associação dialogava com os diversos setores influentes da sociedade santista.

O texto de 1919 é, hoje, uma valiosa fonte histórica. Permite observar como a Associação Comercial de Santos era percebida em seu tempo: uma entidade proativa, influente e comprometida com o progresso coletivo. A publicação da revista São Paulo Moderno, voltada ao panorama do comércio paulista e, em especial, ao universo do café, destacava Santos como entreposto logístico e núcleo de decisão e articulação econômica.

Mais de um século depois, a memória dessa representação permanece atual. O passado descrito naquelas páginas ilustra a importância das instituições na consolidação de uma identidade econômica e urbana. A ACS, ao lado de seus dirigentes e associados, foi retratada como “benemérita” — uma expressão que, embora marcada pelo estilo da época, ainda comunica o reconhecimento por sua contribuição à história de Santos e do Brasil.

 

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