Quando a Associação Comercial de Santos assumiu o governo municipal em 1891

Em um momento marcante da história política de Santos, a Associação Comercial de Santos (ACS) foi chamada a assumir a administração do município, em meio à crise gerada pela resistência à ditadura implantada pelo então presidente Marechal Deodoro da Fonseca e ao regime liderado por Américo Brasiliense, então Governador da Província de São Paulo. O episódio, ocorrido em dezembro de 1891, refletiu o peso da ACS como uma instituição de credibilidade e liderança comunitária, capaz de restaurar a ordem em um período de forte agitação política e social.

A Revolta Popular e a Intervenção da Associação Comercial

Tudo começou no dia 14 de dezembro de 1891, quando o povo santista, descontente com a administração local, concentrou-se na Praça da República exigindo a deposição do (governador) Américo Brasiliense, do Intendente (antigo cargo de prefeito) e dos Vereadores Municipais. A insatisfação se manifestava em críticas ao sistema administrativo vigente, que era visto como alinhado à ditadura de Deodoro, e em uma defesa veemente de princípios de independência cívico-política.

Sob a liderança de Martim Francisco (3º – descendente da família Andrada e Silva), foi lida uma moção que solicitava a transferência da administração do município para a diretoria da Associação Comercial de Santos. A proposta foi acolhida pela população santista como uma solução temporária até que o governo estadual pudesse resolver a situação.

A ACS Assume o Controle do Município

Respondendo ao clamor popular, a ACS aceitou a responsabilidade e, no mesmo dia, assumiu a condução do município. No entanto, no dia seguinte, 15 de dezembro, a administração foi transferida ao vereador Almeida Morais, que ficou no cargo só até 18 de dezembro, devolvendo o controle à ACS, então presidida por Antônio Carlos da Silva Teles.

Assim, por 15 dias, até 30 de dezembro de 1891, a ACS governou a cidade de Santos, garantindo a estabilidade política e social da cidade. Durante o período, sua liderança foi reconhecida por preservar a ordem pública e evitar que a crise administrativa escalasse. Ao final da curta, mas importante gestão, a ACS passou o controle da intendência a uma nova composição de líderes, formada por João Galeão Carvalhal, Lino Cassiano Jardim, Francisco Cruz, Antônio Augusto Bastos, Antônio José Malheiros Júnior, Raimundo Gonçalves Corvelo e Teófilo de Arruda Mendes.

O Legado de Liderança da Associação Comercial

Este episódio histórico mostra como era o papel histórico da ACS como uma entidade comprometida com os interesses da cidade e preparada para intervir em momentos críticos.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *