O XXI Seminário do Comércio de Café de Santos encontrou desafios inesperados que levaram ao seu adiamento por três vezes. O encontro prometia trazer novos temas à discussão, como a conteinerização em seus vários aspectos. A escolha inicial no mês de maio de 1985 para a realização do seminário visava permitir que os participantes internacionais pudessem fazer uma avaliação final sobre a próxima safra de café, tendo em vista que normalmente a colheita já estaria em pleno andamento.
Entretanto, as circunstâncias levaram a Associação Comercial de Santos a decidir pelo adiamento do seminário para novembro de 1985, e posteriormente, para maio e depois novembro de 1986, em resposta às mudanças na política cafeeira e às solicitações dos visitantes.
Finalmente, de 14 a 16 de maio de 1986, a 11ª edição do Seminário do Café aconteceu, reunindo aproximadamente 600 pessoas de cerca de 30 países no Casa Grande Hotel, Guarujá. Este encontro marcou um momento importante para o comércio de café, destacando-se pela participação notável de figuras como o presidente do Instituto Brasileiro do Café, Paulo Graciano, e o ministro das Relações Exteriores, Roberto de Abreu Sodré.
A importância do seminário foi enfatizada pela expectativa de que dele emergissem tendências significativas para o comportamento das nações produtoras e consumidoras de café nos dois anos seguintes. O evento ocorreu em um contexto onde o Brasil, com a intenção de exportar 14,5 milhões de sacas de café em 1986, enfrentava o desafio de atingir um volume mensal de exportação que sustentasse a meta.
Durante o seminário, as discussões se aprofundaram sobre o Acordo Internacional do Café, um mecanismo então suspenso, que regulava a liberação ou corte de cotas de exportação baseado em um preço médio calculado pela Organização Internacional do Café (OIC). Essa discussão foi essencial, dado o contexto de preços, que na época girava em torno de US$ 1,41 por libra peso, enquanto o Brasil mantinha uma política de preço mínimo de US$ 2,86 por libra-peso.
Para suportar a magnitude do evento, a Associação Comercial de Santos preparou uma infraestrutura robusta, garantindo que os participantes pudessem acompanhar as cotações internacionais do café e se comunicar eficientemente, graças à instalação de uma rede de comunicações reforçada e ao aumento da disponibilidade de telefones e telex.
O seminário foi marcado por uma programação rica e diversificada, iniciando com um jantar ao som do Conjunto New Zago e seguido de uma série de conferências abordando temas desde a produção de café nos anos seguintes até as perspectivas de consumo. Figuras renomadas do mundo do café, como Jorge Cárdenas Gutierrez, Paul Mueller, e John E. Schleter, compartilharam suas visões, enriquecendo o debate e fornecendo insights valiosos sobre o futuro do mercado cafeeiro.
O evento culminou com pronunciamentos importantes de Paulo Sérgio Portugal Graciano, Camilo Calazans Magalhães, presidente do Banco do Brasil, e Roberto de Abreu Sodré, delineando a política brasileira para o café e a situação econômica do país frente a reformas recentes.
O seminário serviu para a troca de conhecimento entre as principais nações produtoras e consumidoras de café e reafirmou a posição do Brasil como líder nas exportações, apesar dos desafios enfrentados, como uma prolongada seca em áreas de cultivo. A afirmação do presidente do IBC de que o país não alteraria sua política para o café visava tranquilizar os parceiros comerciais do Brasil, enfatizando a estabilidade e a previsibilidade no comércio cafeeiro internacional.