Em 16 de dezembro de 1908, a Associação Comercial de Santos recebeu a visita do conselheiro Antônio Prado, então prefeito da capital paulista (ele foi o primeiro prefeito da história da capital paulista), que retornava ao Brasil após uma viagem oficial à Europa. A missão, de caráter econômico, estava ligada às tratativas do governo de São Paulo para a valorização do café, tema de grande importância para o comércio exportador da época.
O conselheiro chegou ao porto a bordo do vapor Astúrias e foi recebido por autoridades locais, vereadores e representantes do setor comercial. Após uma recepção oficial e um almoço oferecido pela Câmara Municipal no City Club, Antônio Prado dirigiu-se à sede da Associação Comercial de Santos, onde foi recebido pelo presidente Inglez de Souza e pelos diretores da entidade.
Durante o encontro, foi servido um brinde em homenagem ao visitante. O presidente Inglez de Souza destacou a relevância dos serviços prestados por Antônio Prado ao Estado de São Paulo e ao país, em especial pela defesa dos interesses da economia cafeeira. O conselheiro agradeceu as saudações e informou que o governo paulista publicaria em breve o contrato firmado em Londres, garantindo maior segurança ao comércio de exportação.
Encerrada a visita, Antônio Prado percorreu as dependências do edifício da Associação e, em seguida, embarcou em trem especial com destino à capital, acompanhado por familiares, autoridades e amigos. A Banda Municipal de Santos esteve presente na estação, executando músicas na despedida.
Durante a visita, o conselheiro Antônio Prado também registrou sua presença no Livro de Ouro da Associação Comercial de Santos, deixando a assinatura que permanece como testemunho histórico daquele encontro. O gesto simbolizou o reconhecimento mútuo entre o poder público e a entidade representativa do comércio santista, reforçando a importância institucional da Associação no cenário econômico do início do século XX.
Quem foi Antônio Prado?
Antônio da Silva Prado (São Paulo, 25 de fevereiro de 1840 – Rio de Janeiro, 23 de abril de 1929) foi advogado, político, empresário, agricultor e banqueiro, pertencente a uma das mais influentes famílias paulistas do século XIX. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco em 1861 e completou estudos em Paris.
Iniciou sua carreira pública como chefe de polícia e deputado provincial (1862–1864), sendo depois deputado geral do Império (1869–1872) e senador (1886). Ocupou os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores, integrando o Gabinete João Alfredo, responsável pela elaboração da Lei Áurea (1888). Antes, como ministro da Agricultura, assinou a Lei dos Sexagenários (1885), que antecipou a libertação gradual dos escravos.
Durante a República, tornou-se o primeiro prefeito de São Paulo (1899–1911), sendo o que mais tempo exerceu o cargo. Sua gestão foi marcada pela modernização urbana — implantação da energia elétrica, introdução dos bondes elétricos, construção de pontes, abertura da Avenida Tiradentes, criação da Pinacoteca do Estado, da Estação da Luz e do Teatro Municipal.
Além da carreira política, destacou-se como empresário e cafeicultor, proprietário das fazendas São Martinho, Guatapará e Santa Veridiana, e fundador de empreendimentos como o Balneário do Guarujá, o Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (Comind) e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que dirigiu por 36 anos.
Foi também um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Imigração, incentivando a vinda de trabalhadores europeus ao país. Em 1926, já octogenário, participou da fundação do Partido Democrático. Faleceu no Rio de Janeiro em 1929, sendo sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Sua trajetória permanece associada ao desenvolvimento urbano, econômico e social do Estado de São Paulo e à modernização do Brasil republicano.
