No Livro de Ouro, além de personalidades de destaque nacional — presidentes da República, ministros, governadores e grandes empresários — encontram-se também nomes que marcaram a trajetória institucional de Santos. Entre eles está Adhemar de Figueiredo Lyra, um dos mais expressivos diretores da Comarca, cuja atuação foi decisiva para a construção do Palácio da Justiça, atual Fórum Cível e Criminal de Santos, erguido entre as décadas de 1950 e 1960 e inaugurado em 1962, ao lado da Catedral, na Praça José Bonifácio. Sua passagem pela Associação Comercial de Santos ficou registrada em 15 de março de 1949, período em que exercia o cargo de diretor do Fórum e se destacava como figura central da vida jurídica e administrativa da cidade.
Na época, Lyra foi recepcionado pelo então presidente da ACS, Alceu Martins Parreira, e sua diretoria.
Quem foi?
Adhemar de Figueiredo Lyra nasceu em 18 de agosto de 1896, no arquipélago do Marajó, no Pará, e formou-se pela tradicional Faculdade de Direito do Pará em 1923. Após breve atuação como advogado em São Paulo, ingressou no Ministério Público e, em seguida, na magistratura, passando por várias comarcas do interior paulista — sempre promovido por merecimento — até construir sólida reputação como juiz sereno, imparcial e atento às necessidades estruturais dos fóruns onde trabalhava.
Sua trajetória alcançou projeção maior a partir de abril de 1946, quando foi promovido ao cargo de Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Santos. Na cidade, atuou também como Diretor do Foro, empenhando-se diretamente na construção de um novo edifício para o Judiciário santista, considerado um marco de sua gestão. Permaneceu em Santos até 1951, quando assumiu a 3ª Vara Criminal e de Menores, consolidando vínculos com a vida institucional local. Nesse período, participou ativamente do meio jurídico e cultural santista: presidiu a Sociedade Santista dos Amigos da Amazônia, foi presidente de honra da Associação Atlética Forense, delegado da Associação dos Magistrados do Brasil no Estado de São Paulo, professor de Direito Constitucional da Faculdade Católica de Direito de Santos e membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santos.
Em dezembro de 1954, foi promovido ao Tribunal de Alçada, onde permaneceu até seu falecimento, em 13 de janeiro de 1959. Seu legado em Santos inclui não apenas sua atuação jurisdicional, mas também sua contribuição para o fortalecimento institucional da comarca e para a vida intelectual da cidade, sendo lembrado como um magistrado dedicado, equilibrado e comprometido com a modernização do sistema de justiça.