Em 24 de abril de 1950, a cidade de Santos viveu uma jornada memorável no cenário internacional por sediar a V Reunião Plenária do Conselho Interamericano de Comércio e Produção. O evento, que reuniu delegações de todo o continente, projetou a cidade como ponto de convergência dos interesses econômicos e diplomáticos das Américas — e teve como protagonista uma de suas instituições mais respeitadas: a Associação Comercial de Santos.
Sob a presidência de Alceu Martins Parreira, a Associação Comercial desempenhou papel central como uma das entidades anfitriã e como articuladora e símbolo da tradição econômica da cidade. A solenidade da Reunião Plenária, presidida pelo norte-americano James S. Kemper, foi marcada pela presença de altas autoridades civis, militares e religiosas. Mas foi durante o almoço oficial oferecido pelo Conselho Interamericano, realizado no restaurante do Parque Balneário Hotel, que a ACS foi homenageada publicamente — com Parreira sendo saudado de pé pelos delegados internacionais, em reconhecimento à sua atuação destacada e ao empenho institucional da entidade santista.
O gesto teve forte carga simbólica: representava o respeito que a Associação Comercial de Santos conquistara no cenário continental, como ponte entre o Brasil e o mundo dos negócios internacionais. A homenagem, como destacou uma reportagem da época, foi espontânea, calorosa e unânime.
Durante a abertura da reunião, o governador de São Paulo, Ademar de Barros, proferiu um discurso firme e emocionado, lembrando que a fraternidade entre os povos do continente havia se tornado não apenas um ideal econômico, mas também essencialmente político. A defesa da democracia, da integração comercial e da valorização do desenvolvimento produtivo foram temas centrais dos discursos de representantes do Brasil, Argentina, Chile, México, Estados Unidos, entre outros.
Em meio a todas essas falas, o papel da Associação Comercial de Santos ganhou ainda mais relevo: ela representava a solidez da iniciativa privada santista, o histórico protagonismo empresarial da cidade e sua capacidade de acolher e promover grandes debates de interesse internacional. A participação ativa da entidade — desde a recepção das delegações até a condução dos trabalhos — reforçava seu prestígio institucional e sua ligação com os grandes temas da economia continental.
A programação da V Conferência Continental de Bolsas trouxe a Santos lideranças empresariais e governamentais de todo o hemisfério, demonstrando a confiança internacional na cidade e em suas instituições. Ao sediar a sessão mais simbólica do conclave e ser homenageada por seu presidente, a Associação Comercial de Santos selou seu lugar na história da diplomacia econômica das Américas.
Visita da Delegação Americana à ACS e o Livro de Ouro
Dias antes, a diretoria da Associação Comercial de Santos havia determinado a adoção de de medidas de acolhimento às delegações estrangeiras. Entre as deliberações, foi determinado a nomeação de uma comissão especial para cumprimentar as delegações visitantes e apresentar, em nome do comércio santista, votos de boas-vindas oficiais. Outra tarefa era organizar um coquetel de recepção às delegações participantes, agendado para o dia 26 de abril, às 18 horas, na sede social da Associação.
Nesta ocasião, de modo festivo, algumas delegações fizeram uma visita mais ampla à sede da ACS, como a delegação norte americana e dos que compuseram a V Plenária do Conselho Interamericano de Comércio de Produção, que deixaram suas assinaturas no famoso Livro de Ouro da ACS, além de uma mensagem endereçada aos santistas, assinada pelo então presidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul, Abel Carvalho.
“Ao visitar, como delegado do Quinto Plenário do Conselho Interamericano de Comércio e Produção, a bela e importante cidade de Santos, não poderia perder esta grata oportunidade de visitar também a sua digna Associação Comercial e desejar, em meu nome e no das entidades do comércio gaúcho (Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul e a Associação Comercial de Porto Alegre), a contínua prosperidade desta casa, que há tantos decênios vem defendendo os interesses da praça de Santos. Faço, também, os mais sinceros votos de felicidade aos homens que, à sua frente e com louvável espírito público, vêm continuando o esforço realizado pelas diretorias passadas.
Abel Braga Carvalho
Santos, 26 de abril de 1950”
Entre os visitantes também estavam os norte-americanos William J. Hemingway, secretário geral da Conferência, de Saint Louis; e os delegados H.H. Schell, de Nova Iorque; e H.W. Basgoyen, de Nova Iorque. Também assinaram os representantes do Rio de Janeiro, Ralph E. Monthey e C.R. Varty (que registrou como São Paulo).
Abertura do V Congresso Interamericano de Comércio e Produção pelo Governador de São Paulo, Ademar de Barros