Presidente Eurico Gaspar Dutra visita Santos e rende homenagem à Associação Comercial

Dutra assina o Livro de Ouro da Associação Comercial de Santos

No dia 15 de outubro de 1949, um sábado, Santos viveu um momento de rara relevância com a visita do então presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra. O acontecimento, acompanhado de diversas solenidades, foi marcado pelo entusiasmo da população e pela demonstração de apreço pelas políticas públicas até então protagonizadas pelo governo federal, que impactavam diretamente a região.

Chegada à Base Aérea da Bocaina

A visita teve início às 8h30, com a chegada do presidente e sua comitiva à Base Aérea da Bocaina. O avião presidencial trouxe, além de Dutra, ministros importantes como Adroaldo Mesquita da Costa (Justiça), Honório Monteiro (Trabalho, Indústria e Comércio), e Clóvis Pestana (Viação e Obras Públicas). Autoridades estaduais e locais, incluindo o governador Ademar de Barros e o prefeito de Santos, Rubens Ferreira Martins, também estavam presentes para recepcioná-lo.

No local, o presidente recebeu as boas-vindas de figuras destacadas, entre elas representantes da Associação Comercial de Santos. A partir dali, Dutra embarcou em uma lancha que o conduziu até o Cais do Valongo. Durante o trajeto, os navios ancorados no porto participaram da saudação com apitos sonoros, criando uma atmosfera de alegria que refletia o orgulho da cidade em receber o chefe de Estado.

Visita ao Cais do Saboó

No Cais do Valongo, Dutra foi recebido por autoridades portuárias e militares e passou em revista às tropas estacionadas na região. Posteriormente, dirigiu-se ao Cais do Saboó para a cerimônia de assinatura do convênio entre o Loide Brasileiro e a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O acordo visava a integração logística entre os sistemas ferroviário e marítimo, considerado estratégico para o transporte das riquezas nacionais e para o desenvolvimento do Porto de Santos, essencial na circulação de mercadorias. Durante a solenidade, o então presidente da Companhia Docas, Guilherme Guinle, destacou em discurso a importância do empreendimento para o progresso do país.

Passagem pela Bolsa Oficial de Café

A comitiva seguiu para a Bolsa Oficial de Café, onde o presidente foi recebido por Heitor Muniz, presidente da instituição, e acompanhou o tradicional pregão dos sábados. Demonstrando interesse, Dutra recebeu um memorial redigido pelas Bolsas de Valores de São Paulo e Santos, solicitando medidas econômicas para estimular as exportações e fortalecer o mercado de valores mobiliários. O documento foi mais uma prova do alinhamento entre as políticas de seu governo e as expectativas do setor produtivo.

Dutra discursa no auditório da Associação Comercial de Santos

Destaque na Associação Comercial de Santos

Um dos pontos altos da visita, entretanto, foi a recepção na Associação Comercial de Santos. O presidente foi recebido por Alceu Parreira, dirigente da entidade, que o conduziu até a sala de reuniões da diretoria. Após assinar o livro de visitantes ilustres, Dutra foi ao salão nobre, onde foi saudado por representantes de sindicatos e de instituições de assistência social. Em um discurso emocionado, Ricardo Peres, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Administração do Comércio de Café, enalteceu o presidente como um consolidador das leis trabalhistas, destacando seu compromisso com os direitos dos trabalhadores e com a estabilidade social.

O presidente da ACS, Alceu Parreira, também deixou suas palavras, em um discurso para o presidente. Parreira destacou o desejo antigo de Eurico Gaspar Dutra em visitar Santos e a recepção calorosa da cidade, reconhecida por seu trabalho e civismo. Ele mencionou o papel do presidente na defesa da economia cafeeira, como o financiamento especial do Banco do Brasil em 1947, que estabilizou os preços do café e trouxe benefícios para a economia nacional. Parreira também ressaltou o clima de entendimento entre as classes produtoras e o governo federal, fruto da política financeira e econômica equilibrada conduzida por Dutra.

Além disso, reconheceu a decisão do governo em manter o valor do cruzeiro frente ao dólar, reforçando a estabilidade econômica em meio a pressões globais. O presidente da Associação também destacou a contribuição do café para a economia brasileira, representando 75% do meio circulante do país em 1948, e apelou para uma cruzada em prol da revitalização da cafeicultura, enfatizando sua importância como pilar da economia nacional.

Por fim, Alceu Parreira celebrou a decisão de Dutra de instalar uma refinaria de petróleo em Santos, o que reforçou a gratidão da cidade e do estado de São Paulo ao presidente, por buscar unir as regiões do Brasil em torno do progresso nacional.

Uma Memória Duradoura

O jornal A Tribuna de Santos destacou, à época, a grandiosidade do evento, que ficou gravado na memória dos santistas como um momento de celebração cívica e de reconhecimento mútuo entre governo e sociedade.

 

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