Restauro de 32 quadros da ACS destacou arte e história em 1994

Em 1994, a Associação Comercial de Santos (ACS) promoveu a restauração de 32 retratos de seus ex-presidentes, um trabalho que resgatou o esplendor das obras e destacou a importância histórica do acervo. A ação, conduzida pelos artistas plásticos santistas Oswaldo Bastos e Linaldo Cardoso, trouxe à tona o valor artístico de quadros assinados por nomes ilustres como Guiomar Fagundes, Carlos Oswald, Eliseu Visconti, Eugênio Latour, Rodolfo Chambelland, Gentil Garcez, Antonio Gody, Gerson Charleaux e Maria Cecília Negrão.

As obras retratavam líderes da ACS desde o comendador Nicolau Vergueiro, que presidiu a entidade de 1870 a 1878, até Antônio Manoel de Carvalho, que esteve à frente entre 1981 e 1987. Durante o processo, os restauradores enfrentaram desafios variados, como a borda apodrecida do quadro de José Maria Whitaker e o craquelê que ameaçava a pintura de Antônio da Silva Azevedo Júnior. Bastos e Cardoso afirmaram que o trabalho realizado permitiu que os quadros resistissem pelo menos mais 100 anos.

A restauração incluiu a impermeabilização do verso das telas, tratamento emoliente para remoção de sujeira e revitalização da pintura ressecada pelo tempo. Pequenos retoques foram feitos com tintas holandesas e as obras receberam verniz de resina Dammar, que protege e reaviva as cores. As molduras também foram repatinadas, garantindo uma apresentação impecável.

Apesar da complexidade das peças, Bastos destacou que o restauro da ACS não foi o mais desafiador de sua longa carreira. Com experiência desde 1942, quando começou a restaurar pinturas na Escola de Belas Artes de São Paulo, ele recordou um caso curioso no acervo da Beneficência Portuguesa: “Um dos olhos do retratado havia sido perfurado por um tiro. Tive que refazê-lo com base no olho remanescente”, relatou.

Bastos, professor de Artes Plásticas e paisagista, ressaltou sua paixão pela restauração: “Desde o início da minha carreira, enfrentei desafios que me cativaram profundamente.” Já Linaldo Cardoso, premiado em salões de arte de diversas cidades brasileiras, reforçou a importância da técnica: “Todo restaurador precisa ser um pintor, mas nem todo pintor sabe restaurar.”

A dupla também recuperou obras modernas do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, incluindo criações de Tomie Ohtake, Wakabaiashi e Ianelli. Após o trabalho na ACS, os artistas se prepararam para restaurar um quadro de Benedicto Calixto de 1875, uma peça que, segundo eles, exigiria apenas limpeza e verniz.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *